Sistemas planetários podem se formar e sobreviver no ambiente caótico em torno de pares de estrelas

Dygnim

Astrónomos descobriram, pela primeira vez, dois planetas alienígenas que giram em torno de um par de estrelas: um sistema solar completo com sóis gémeos. A maioria das estrelas como o nosso Sol não são únicos, mas aparecem em pares que orbitam um em torno do outro. Cientistas descobriram planetas nesses sistemas binários, os chamados planetas circumbinários com dois sóis.


Para encontrar mais planetas circumbinários, os astrónomos analisaram dados de telescópio Kepler da NASA, que detectou mais de 2300 potenciais mundos alienígenas desde o seu lançamento, em março 2009 lançamento. Os cientistas já anunciaram a detecção de Kepler-47, o primeiro sistema visto com múltiplos mundos envolvidos por um par de estrelas. A estrela e os seus planetas, chamados Kepler-47b e Kepler-47c, situam-se a cerca de 5000 anos-luz de distância, na constelação de Cisne.

A descoberta de planetas fora do sistema solar é complexa já que se encontram demasiado longe para serem vistos a olho nú. Para os detectar, os cientistas medem a queda do brilho das estrelas aquando da passagem dos planetas à sua frente (transito dos planetas). Este escurecimento é pequeno, apenas 0,08% para o planeta Kepler-47b e 0,2% para o Kepler-47c. De igual forma, os dados do Kepler permitem aos pesquisadores deduzir os tamanhos relativos dos objetos e suas órbitas.

Uma das estrelas é muito parecida com o nosso Sol e o outro é tem aproximadamente um terço do tamanho do nosso sol, sendo 175 vezes mais ténue. Os planetas interiores e exteriores são respectivamente 3 e 4,6 vezes o diâmetro da Terra. O mundo interior completa uma órbita a cada 49,5 dias, enquanto o externo leva 303,2 dias. As próprias estrelas giram em torno de si a cada 7,5 dias.

Curiosamente, o planeta exterior esconde-se na zona habitável do sistema, onde um planeta rochoso como a Terra tem a temperatura certa para ter água líquida à superfície. Embora esse planeta seja provavelmente um gigante gasoso ligeiramente maior do que Úrano e, portanto, não adequado à vida como a conhecemos, estes resultados mostram que planetas circumbinários podem e existem em zonas habitáveis.

Todavia, isto não quer dizer que a vida fosse fácil nestes planetas. De facto, os planetas circumbinários sofrem oscilações climáticas relativamente selvagens. Pelo contrário, na Terra, o Sol é uma fonte relativamente estável de luz, mantendo uma estabilidade climática favorável à vida como conhecemos. Os cientistas publicaram suas descobertas online na revista Science. 




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