Experiências de quase-morte podem ser desencadeadas por alta atividade cerebral

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Experiências de quase-morte podem ser desencadeadas por alta atividade cerebral


Experiências de quase-morte podem ser causadas por uma onda de descarga elétrica no cérebro moribundo, sugerem novas pesquisas em animais.

No estudo, os ratos cujos corações foram parados mostraram um aumento de ondas cerebrais associadas à consciência, de acordo com um novo estudo publicado ontem (12 de agosto) na revista Proceedings of National Academy of Sciences. 

Os pesquisadores mediram a atividade cerebral dos animais em máquinas de eletroencefalografia (EEG). No entanto, "se os animais percebem isso como uma luz branca ou um túnel de luz, é algo que não se pode saber", disse o pesquisador do estudo Jimo Borjigin, neurocientista da Universidade de Michigan, EUA.

Outros especialistas concordam que mais estudos são necessários para determinar como o estudo pode ser aplicado às experiências de quase-morte (EQM) nas pessoas. Não há nenhuma maneira de saber o que os ratos estavam a experimentar enquanto os seus corações estavam parados, e outros estudos em humanos e cães que morrem não encontraram nenhuma atividade em ondas cerebrais paralelas ao que descobriram os pesquisadores no novo estudo.

Cerca de 5% dos pacientes que morrem e 10% dos pacientes com paragem cardíaca descrevem a ocorrência de experiências de quase-morte. Essas experiências têm, frequentemente, elementos semelhantes, tais como uma sensação de estar fora do corpo, passar por um túnel ou num rio em direção a uma luz quente, vendo entes queridos já falecidos a dizerem que não é hora de ir ainda. 

Pesquisas anteriores revelaram que as experiências de quase-morte são mais vivas do que a vida real [saiba mais]. Mas os cientistas discordam fortemente sobre a fonte dessas experiências. Alguns argumentam que as experiências de quase-morte revelam a existência do céu ou a dualidade entre mente e corpo, enquanto outros afirmam que o evento é causado por uma enxurrada de substâncias químicas no cérebro moribundo.


Para resolver o problema, Borjigin e seus colegas examinaram nove ratos. Eles induziram uma paragem cardíaca enquanto os animais estavem ligados a máquinas de EEG, e, em seguida, a equipa mediu a atividade elétrica nos cérebros dos animais. 

Cerca de 30 segundos depois, todos os animais experimentaram ondas de atividade cerebral sincronizadas que eram característicos do cérebro consciente. Os ratos que foram asfixiados com monóxido de carbono mostraram um padrão similar de atividade cerebral.

O córtex visual dos ratos, que processa imagens visuais, também foi altamente ativado. Isso poderia lançar luz sobre por que as EQMs são tão vivas, afirma Borjigin. "Eles mostram que as impressões digitais da consciência neural em quase-morte estão num nível muito mais elevado em comparação com o estado de vigília. Isso explica a experiência humana mais real do que o real".

A equipa acredita que este impulso elétrico pode ser um mecanismo que o cérebro usa para salvar-se de uma queda acentuada em glicose e oxigénio. Embora possa não funcionar para animais em paragem cardíaca, Borjigin especula que esse mecanismo estimula a vigilância ou hipervigilância em situações menos críticas.

No entanto, o estudo não pode explicar como as pessoas podem lembrar corretamente o que lhes aconteceu minutos depois da sua atividade cerebral parar e a reanimação ser iniciada. Até que os pesquisadores possam comparar sistematicamente as ondas cerebrais de pacientes com paragem cardíaca que tiveram experiências de quase-morte com aqueles que não têm, não há nenhuma maneira de saber o que realmente está a acontecer nestas experiências.
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