A matéria escura é formada por pequenos buracos negros?

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A matéria escura é formada por pequenos buracos negros?
Uma sonda da NASA não detectou nenhum sinal de buracos negros do tamanho da lua na Via Láctea, limitando as chances de tais objetos serem formados essencialmente por matéria escura, intrigando os cientistas há décadas.

A matéria escura representa um dos maiores mistérios científicos conhecidos. Trata-se de uma substância invisível pensada constituir até 5/6 de toda a matéria no universo. 

Ela permanece tão misteriosa que os cientistas ainda estão incertos se a matéria escura é feita de partículas microscópicas ou de objetos muito maiores.

Atualmente, o consenso científico considera que a matéria escura é composta por um novo tipo de partícula, que interage de forma muito fraca com as forças conhecidas do universo, exceto com a gravidade. A matéria escura é invisível e intangível, sendo que a sua presença apenas é detectável pela atração gravitacional que exerce sobre a matéria comum. 

No entanto, apesar da pesquisa de milhares de cientistas que trabalham nos mais poderosos aceleradores de partículas da Terra e laboratórios enterrados no subsolo, ninguém ainda conseguiu detectar ou criar qualquer partícula que possa ser considerada matéria escura. 

Tal facto levou Kim Griest, astrofísico da Universidade da Califórnia, nos EUA, e seus colegas a investigar buracos negros como potenciais candidatos a matéria escura. 

Pesquisas anteriores descobriram buracos negros supermassivos com milhões ou milhares de milhões de vezes a massa do Sol, no centro de galáxias, mas somente estes são facilmente detectáveis, uma vez que são tão grandes que formam um brilhante disco de matéria em seu redor. 

Em teoria, buracos negros muito menores poderiam ter-se formado no início do universo. Esses chamados buracos negros primordiais seriam muito mais difíceis de detectar, e poderiam existir em número suficiente para compensar toda a matéria escura.

Mas o novo estudo não encontrou provas suficientes para apoiar esta teoria. Através da utilização do telescópio espacial Kepler, da NASA, Griest e seus colegas não detectaram nenhum sinal de buracos negros primordiais.

Durante quatro anos, o Kepler monitorizou o brilho de mais de 150.000 estrelas na Via Láctea para detectar regularmente o escurecimento causado por planetas que cruzam à sua frente. Se um buraco negro primordial passasse em frente de uma dessas estrelas, a estrela iria tornar-se temporariamente mais brilhante. 

Tal facto aconteceria devido ao fenómeno no qual os buracos negros dobram a luz ao seu redor com os seus fortes campos gravitacionais – um fenómeno conhecido como lente gravitacional. Até agora, os pesquisadores eliminaram as chances de que os buracos negros que têm aproximadamente a massa da Lua poderiam compor a matéria escura. 

Dados do Kepler não mostram evidências de buracos negros entre 5 e 80% da massa da lua, sugerindo que estes buracos negros não podiam constituir a maior parte da matéria escura. No entanto, mesmo os buracos negros primordiais menores ainda poderiam compor a totalidade da matéria escura, acredita Griest. 

Futuras missões espaciais – como a Euclides, da Agência Espacial Europeia, poderiam procurar buracos negros com apenas 0,0001% a massa da Lua. “Nós já descartamos uma série de buracos negros primordiais para a matéria escura, mas não descartamos todos eles completamente”, disse Griest. “Eles ainda são um candidato viável para a matéria escura”. [Space]
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