Esófago feito em laboratório pode ajudar pacientes com câncer

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Esófago feito em laboratório pode ajudar pacientes com câncer
Os médicos implantaram traqueias artificiais em pacientes e fizeram experiências com bexigas e rins artificiais. Agora, um outro órgão junta-se à lista: o esôfago, que leva comida e água ao estômago.

Uma equipe internacional de cientistas que trabalham no Centro Médico da Universidade Estadual Kuban, na Rússia, construíu um esôfago funcional a partir de células-tronco, e implantou o órgão em ratos.


O novo esôfago funcionava tão bem como os órgãos naturais dos ratos, de acordo com os pesquisadores, que detalharam o seu trabalho a 15 de abril na revista Nature Communications.

Todos os anos, milhares de pessoas no mundo são diagnosticadas com câncer de esôfago, e outras sofrem de defeitos congênitos, ou são feridos após procedimentos médicos, ou engolem materiais cáusticos.

Muitos destes casos requerem cirurgia, o que pode envolver a retirada de uma parte do intestino delgado ou do estômago para substituir parte do esófago. Infelizmente, isso nem sempre é a melhor solução.

Os pacientes podem sofrer complicações, e muitos ainda têm dificuldade para engolir alimentos sólidos após a cirurgia. 

Pesquisadores liderados por Paolo Macchiarini do Karolinska Institutet, em Estocolmo utilizaram uma seção de esôfago de um rato e removeram as células, deixando para trás um andaime de proteína.

Para testar se o andaime seria forte o suficiente para resistir a repetidos ciclos de expansão e contração, os cientistas bombearam ar durante 10.000 vezes, permitindo que ele explodisse e encolhesse nesse processo.

Os pesquisadores, então, pegaram em células-tronco chamadas células estromais mesenquimais alogênicas, que não causam uma reação imunológica quando implantados no tecido. Os cientistas colocaram essas células no andaime, permitindo ao esôfago crescer em três semanas.

Eles então implantados o esófago num rato, substituindo 20% do seu esófago com a versão criada. Eles repetiram esse procedimento em mais nove ratos. Os pesquisadores mantiveram os ratos numa dieta líquida durante uma semana, e, em seguida, deram-lhes alimentos macios.

Os ratos não sofreram quaisquer problemas e sobreviveram mais tempo do que aqueles que foram submetidos a uma cirurgia fictícia, como controle. Macchiarini disse que o andaime fornece estrutura para as células-tronco, bem como os sinais químicos que lhes dizem que tipo de células devem desenvolver-se no local.

Embora esta técnica para a construção de um esôfago pareça funcionar em ratos, ainda há um longo caminho a percorrer antes de poder ser testada em pessoas. As diferenças entre ratos e seres humanos pode complicar a tradução.

Por exemplo, os esôfagos de ratos e humano não têm exatamente os mesmos tipos de músculos e estrutura. Há também a questão de saber se o esôfago pode ser ampliado, uma vez que o esôfago de ratos é muito menor do que o de uma pessoa.

Nas próximas etapas, os pesquisadores vão precisar se deslocar para experimentos em animais de grande porte, bem como para outros órgãos, para ver se o conceito que tentaram neste estudo é amplamente aplicável. [Livescience]
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