A dose de droga ecstasy que normalmente não é mortal pode virar fatal quando é consumida num ambiente quente, sugere um novo estudo.
Pesquisadores pensavam que o ecstasy, ou MDMA, era fatal apenas em doses elevadas, mas o novo estudo descobriu que até mesmo doses moderadas podem ser letais em ambientes quentes que simulam os espaços sociais lotados, onde as pessoas normalmente consomem a droga.
O ecstasy pode induzir o organismo a superaquecer, restringindo a sua capacidade de regular a temperatura - uma condição chamada de hipertermia, disseram os pesquisadores. [Ecstasy causa aneurisma raro a estudante]
"Os usuários tendem a acreditar que o ecstasy é bastante seguro quando usado com moderação e que sérias complicações de saúde adversas, incluindo hipertermia patológica, resultam da contaminação de MDMA por outras drogas mais perigosas", afirmam os pesquisadores.
"Contrariamente à opinião popular, o MDMA pode tornar-se muito perigoso, mesmo em doses relativamente baixas ou moderadas, quando ele é usado num ambiente quente e húmido", acrescentaram os cientistas. [A História de 8 alucinógenos]
Os pesquisadores compararam os efeitos da MDMA em ratos machos em dois ambientes diferentes: o primeiro num ambiente de laboratório padrão que estava fresco e silencioso e o segundo num ambiente eminentemente social, com temperaturas mais quentes e com mais ratos.
O segundo ambiente é uma representação mais realista das condições em que os seres humanos usam tipicamente MDMA, como em festas e raves. Num ambiente normal, o MDMA aumentou ligeiramente o cérebro dos ratos e a temperatura do corpo, e os ratos variaram na forma como responderam à droga.
No entanto, num ambiente mais quente, a mesma dosagem mostrou um efeito mais consistente e notável: o MDMA aumentou o cérebro e as temperaturas do corpo dos ratos, fazendo com que alguns ratos morressem.
Os pesquisadores acreditam que, combinado com as pressões do ambiente quente, o MDMA restringe a capacidade dos ratos em eliminar o calor excessivo dos seus corpos e regular devidamente as suas temperaturas - um mecanismo de resfriamento que deve ser natural.
Como resultado, as temperaturas do corpo e do cérebro temperaturas aumenta bastante, fazendo com que os seus principais órgãos desligem. Os cientistas já haviam associado o superaquecimento ou hipertermia ao consumo de altas doses de MDMA.
De facto, a hipertermia pode levar a falhas no fígado, rins ou sistema cardiovascular, podendo mesmo conduzir à morte. Os pesquisadores notam também que a presença de outro rato também amplificava o efeito de aquecimento nos ratos.
Isto pode ser porque a interação social tende a colocar as pessoas num estado altamente emocional antes e depois de consumir a droga. "O MDMA é usado frequentemente na companhia de outras pessoas, o que aumenta o stress da ingestão de drogas", afirmam os pesquisadores.
O MDMA também pode afetar o corpo, aumentando a frequência cardíaca e pressão arterial e podendo também produzir sintomas de tensão muscular, náuseas, calafrios e fraqueza.
No cérebro, o MDMA provoca uma onda de serotonina, um neurotransmissor ou mensageiro químico que atravessa as células do cérebro para ajudar a regular o humor, as emoções, a ansiedade, a memória e a percepção.
Uma oscilação de serotonina produz os sentimentos elevados de êxtase ou felicidade associados ao uso de MDMA. O estudo foi publicado a 4 de junho no Journal of Neuroscience. [Livescience]
