Poucos ou muitos amigos? Qual o melhor?

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http://www.ciencia-online.net/2012/12/poucos-ou-muitos-amigos-qual-o-melhor.html
Ter um grupo pequeno e acolhedor de amigos ou um grupo maior e mais barulhento pode depender de personalidades e circunstâncias individuais, mas uma nova pesquisa sugere que na escolha do melhor tipo, as condições socioeconómicas são fundamentais.

"Na era do Facebook, muitos americanos parecem optar por uma ampla estratégia de rede, superficial", escreveram Shigehiro Oishi, da Universidade de Virgínia e Kesebir Selin da Escola de Negócios de Londres, na semana passada, na revista Psychological Science

"No entanto, a pesquisa inter-cultural mostrou que ter muitos amigos nem sempre é visto positivamente fora dos Estados Unidos". (Por exemplo, no Gana, eles notaram, um indivíduo que alegou ter mais de 50 amigos foi considerado "ingénuo" e "tolo").

Os pesquisadores suspeitavam que as condições sociais e financeiras podiam estar em jogo. Por exemplo, a preferência dos americanos por grandes redes sociais pode decorrer da sua alta mobilidade. Os pesquisadores citam um estudo de 2001, que mostra que cerca de metade dos norte-americanos mudam a sua residência num período de cinco anos. 

Ao espalhar o amor entre muitos amigos, minimiza-se a perda de um amigo que se afasta. Além disso, quando os tempos são prósperos, ter um grande grupo de amigos é menos provável, já que as pessoas são menos propensas a precisar de tanta ajuda em períodos financeiros, observam os pesquisadores.


"Mas quando os tempos não são tão bons, ter mais amigos pode incorrer em enormes custos em termos de tempo e de recursos", escreve a dupla. Ao olhar para os benefícios que poderá receber a partir de círculos de amizade em diferentes condições socioeconómicas, os pesquisadores criaram um modelo de computador em que os indivíduos simulados tinham diferentes números e tipos de amigos, bem como o investimento necessário para cada um. 

Os seus resultados sugeriram que uma pequena rede social com profundos laços entre amigos era benéfica em sociedades menos móveis com economias instáveis. Uma rede ampla e rasa (laços mais fracos entre amigos) pareceu vantajosa em situações onde os amigos estavam propensos a  afastar-se, independentemente da economia.

Será que esse padrão se mantêm na vida real? Para descobrir, Oishi e Kesebir recrutaram 247 indivíduos com idade média de 31 anos, numa pesquisa online, que foram convidados a listar as iniciais de um amigo muito próximo, um amigo próximo e um amigo distante. Em seguida, eles foram convidados a distribuir 60 pontos, que representavam o seu tempo, energia e dinheiro, entre estes tipos de amigos. Os pesquisadores também analisaram os dados do censo para descobrir quão frequentemente as pessoas se moviam e a renda familiar de cada caso estudado.

Em áreas com menor mobilidade e renda relativamente baixa, os participantes eram mais felizes (medido por três variáveis de bem-estar subjetivo), quando eles tinham menos amigos, ainda mais em comparação com uma ampla rede social, com laços mais fracos. E os americanos eram mais felizes se tivessem uma ampla rede social do que uma rede social rasa.

Oishi e Kesebir argumentam que esses dois estudos fornecem evidência claras para o papel de fatores socioeconómicos - como a mobilidade residencial e a segurança económica - na determinação da estratégia de rede mais adaptável. "À medida que diminui a mobilidade residencial e aprofunda a recessão económica nos EUA, a estratégia de redes sociais ideal pode mudar a partir da ampla, mas superficial, para a estreita, mas profunda, mesmo num país conhecido pela força dos laços fracos", escrevem os pesquisadores.

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